Pintura em azulejos: Uma herança portuguesa na arquitetura e arte pública brasileira

Adrimar Construtora 20 de fevereiro de 2018
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Os painéis e mosaicos de azulejos pintados são uma marca registrada da identidade artística e arquitetônica portuguesa, e consequentemente uma herança para a arquitetura do Brasil Colônia.

A origem desta tradição, para quem não sabe, é de influência da cultura islâmica, adquirida no Século IX durante a ocupação Moura na Península Ibérica, com as Cruzadas. A partir daí, os painéis pintados em azulejos passaram a fazer parte da paisagem das cidades lusitanas, e após o descobrimento do Brasil, também do cenário de muitas cidades de colonização predominantemente portuguesa.

Uma das principais características que definem a identidade tão particular dos painéis de azulejos de origem portuguesa, é que são instalados principalmente em locais externos com grande circulação de pessoas, como fachadas de prédios, palácios e igrejas, constituindo verdadeiras obras de arte públicas. Outra característica marcante desta forma de expressão artística é que reproduz seus temas, sejam eles mosaicos abstratos, florais ou de arabescos, paisagens botânicas e urbanas, e até mesmo cenários e personagens históricos, quase sempre se utilizando de uma única combinação de cores: o azul e branco.

E a tradição se mantém presente no dia-a-dia de Portugal. Renovada com a instalação de um imenso painel com 54 mil azulejos, em 1998, no magnífico Oceanário de Lisboa, a criação do designer Ivan Chermayeff utiliza os costumeiros tons de azul e branco para representar a vida marinha. Sua confecção alia modernas técnicas, como tratamento computadorizado de pixels, aos métodos tradicionais. Os desenhos dos animais ficam nítidos à distância, quando o todo pode ser visualizado. Uma obra grandiosa, de causar espanto.

No Brasil, com uma proposta semelhante, o mural “Entorno de Nós” foi instalado na estação Palmeiras – Barra Funda da CPTM, em São Paulo. A obra, além de provocar impacto em um público maciço, de usuários de transporte público que circulam todos os dias nesta estação, apresenta um caráter ainda mais particular: é uma criação coletiva. Cada um dos 700 azulejos que formam o conjunto é de autoria distinta.

O projeto foi realizado durante uma oficina de Marchetaria desenvolvida pela Fundação Stickel, em parceria com o artista plástico Danilo Blanco. O educador apresentou a técnica de criar desenhos a partir da aplicação de madeiras de cores diferentes para alunos de quatro escolas públicas, montando um quebra-cabeça. Os alunos tiveram a liberdade de construir suas próprias peças, com desenhos geométricos, e as padronagens resultantes da oficina foram depois impressas nos azulejos que formam os 13 metros do mural, instalado por aprendizes do Senai São Paulo sob coordenação do artista e professor.

“Assim, criamos uma obra pública, permanente e coletiva, que une a técnica da marchetaria à tradição dos murais de azulejo. Instalada em um local de grande circulação, ela propõe uma interação que pode se dar com o todo ou com cada uma das partes – podendo ser descoberta de pouco em pouco pelos usuários do terminal.” Comenta Sandra Pierzchalski, arquiteta e curadora da Fundação responsável pelo projeto.

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Adrimar Construtora

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